quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Uma proposta para começar a viver de outras formas: Cooperativas Integrais












Como viver sem Capitalismo


A insatisfação em relação ao modelo de vida atual gera diversos projetos para viver e relacionar-se de outras maneiras, muitas iniciativas para tratar de ser menos dependentes do sistema. Umas se realizaram, outras morrem dentro do imaginário pessoal de alguns de nós, seja pelo medo da mudança ou pela razão que seja. Entretanto, muitas vezes depreciamos o potencial que temos, todas aquelas pessoas que desprezamos o modelo atual. Se além disso somamos a freqüente desorganização entre os vários projetos alternativos, o estabelecimento de uma iniciativa integral e transversal que aglutine muitos dos esforços que atualmente se realizam de forma isolada, parece algo inatingível.
Existe uma forma jurídica que tem muitas possibilidades ainda pouco exploradas e que poderia converter-se em uma ferramenta para nos ajudar nesse processo de independência progressiva do mercado e do Estado. Trata-se das cooperativas (...) O maior potencial desta ferramenta reside em suas combinações, as quais permitem fazer crescer a atividade econômica interna entre seus membros. As leis prevêem a existência de cooperativas mistas e/ou integrais, dependendo das leis autonômicas ou estatais. Elas têm que nascer da multiplicidade de diferentes tipos de cooperativas, como as de serviço e consumo, dando-lhes legalidade jurídica sob o nome de Cooperativas Integrais, pois a ideia de integrar a cooperação nos diferentes elementos da nossa vida é a que nos move.
A proposta das Cooperativas Integrais surge, portanto, com o objetivo de criar um modelos que nos permita construir um espaço de relações econômicas auto-gestionadas entre os participantes, que esteja blindado contra os embargos privados ou públicos e que minimize de forma totalmente legal o pagamento de impostos e quotas à Seguridade Social, nos protegendo de todas as formas possíveis da ação dos Bancos e do Estado.
Trata-se de uma forma jurídica legal de transição que nos permitirá construir, desde o âmbito mais local, uma maneira de viver onde nem os Bancos (hipotecas, dívidas e o que isso comporte) nem o Estado (como ente que permite que, para ter cobertas as necessidades básicas, temos que vender muito mal nossa força de trabalho e saber) sejam necessários.
(...) O patrimônio de uma cooperativa, constituído a partir das aportações econômicas do seus sócios, não é embargável. Assim, essa é uma maneira de proteger nossos bens, de outra maneira embargáveis se nos convertemos em devedores a título particular. O único requisito imprescindível de funcionamento dessa cooperativa para que nos proteja será que, a pesar de formar parte dela e ter dívidas pessoais, ninguém poderá se endividar em nome da cooperativa, já que os bens e dinheiro desta só podem ser embargados pelas próprias dívidas da cooperativa, não pelas dívidas dos seus membros.
Dentro da cooperativa integral haverá pelo menos sócios de serviços com atividade econômica e sócios de consumo. Em relação aos sócios de serviços, cada unidade produtiva terá uma conta a nome da cooperativa para receber dos clientes e pagar aos provedores. Uma pessoas com conhecimentos de contabilidade da Comissão Econômica se encargará de zelar pelo seu bom funcionamento, para evitar qualquer risco para o conjunto da cooperativa. Os serviços dessa pessoa, assim como outros gastos comuns que possam surgir, serão pagos com um fundo comum (pensem que estaremos economizando, por exemplo, com gastos de gestão e o pagamento de boa parte de quotas de autônomos).
Em relação à cooperativa de consumo, existirá uma única conta unitária a nome da cooperativa, gestionada também pela Comissão Econômica para as compras coletivas, onde também será possível enviar recibos pessoais a domicílio (o que é útil para pessoas endividadas); com a ajuda da Comissão de Consumo Consciente se oferecerá formação e acompanhamento em temas de redução de consumo (água, energia) e no uso de ferramentas que minimizem os custos (telefonia por internet, etc).
Uma Comissão de Auto-Ocupação se encarregará de identificar e recompilar as tarefas que são úteis para a coletividade e oferecerá formação, apoio ou acompanhamento as pessoas que estejam buscando trabalho, ou que queiram mudar de serviço, com a finalidade de cobrir as necessidades da cooperativa, assim como para fazer que quem quer que seja possa encontrar seu espaço e utilidade dentro do projeto.
Um dos principais objetivos da cooperativa será garantir as necessidades básicas (alimentação, moradia, saúde, educação) de seus membros. Para poder alcançar este objetivo, será promovida a troca de mãos (e não o intercâmbio) [no original: "el cambio de manos (que no intercambio)"] gratuito de objetos através de lojas grátis e armazéns, onde deixaremos aquilo que já não utilizamos e onde podemos pegar, sempre que queiramos, tudo aquilo que necessitamos; priorizando assim o conceito de uso sobre o de propriedade (...). Assim, o único bem que se intercambiará será o tempo dos associados e não os bens materiais. Por exemplo: você arruma um vazamento de água para mim e eu te ofereço meu tempo e meus conhecimentos para o que você necessite. A moeda de troca será as horas utilizadas para cada tarefa. Um grupo de trabalho se encarregará de dinamizar o intercâmbio de horas com a finalidade de conseguir potencializar ao máximo as relações econômicas sem dinheiro.
Para gestionar as relações econômicas com outras cooperativas e projetos afins, será potencializado o intercâmbio de bens e serviços (quantificando as horas de trabalho mediante um registro de horas) através da Comissão de Intercâmbios Externos. Dado que é recomendável que cada cooperativa tenha um máximo de 100 associados, esta comissão poderá dispor da vantagem de conhecer de perto quais as necessidades básicas para cobrir dentro de cada cooperativa, assim como de conhecer os membros que formam parte; relações de confiança que facilitarão a agilidade do dia a dia.
As cooperativas se formarão por grupos de afinidade. Por tanto, o primeiro passo para formar parte de uma Cooperativa Integral será manifestar o interesse por parte dos grupos afins (amigos, famílias, companheiros de moradia, etc.) ou de pessoas individualmente, através do formulário que se encontra na web http://www.17-s.info . A partir de aqui ajudaremos para que as pessoas próximas possam começar a colocar-se em contato, para que, quando sejam suficientes, possam conhecer-se pessoalmente e começar o processo de criação.
Provavelmente não será um caminho fácil de seguir, mas seguramente será muito mais interessante que o trabalho rotineiro, o individualismo e a servidão voluntária. Muito menos temos exemplos concretos a seguir, pois é uma ideia que pretende ser uma forte semente para a auto-organização social. Por todo o mundo, alternativas que levam bastante tempo funcionando, como as cooperativas de consumo ecológico, as redes de intercâmbio, as moedas complementárias e a economia solidária, buscam objetivos similares através de enfoques distintos. Esta contribuição das Cooperativas Integrais quer ajudar a criar uma metodologia para integrar muitas ideias com as novas necessidades vitais de muitas pessoas em momentos de crise. Nos organizaremos para viver muito melhor?

Para participar entrar em: http://www.17-s.info Para mais informação, metodologia e passos a seguir: http://www.17-s.info/node/817
integrales@sincapitalismo.net
links de interesse: Epaço de recursos para povos que queiram por em marcha uma transição em direção a um mundo de baixo consumo de energia. Esta rede está inspirada no movimento das Transition Towns dos países anglo-saxãos -
http://movimientotransicion.pbwiki.com/intro
Rede de economia solidária -
http://www.economiasolidaria.org
Rede para fazer coisas sem dinheiro -
http://www.sindinero.org
texto de :
http://www.17-s.info/node/1231